quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Corrupção nossa de cada dia

A palavra "corrupção" agora virou moda, principalmente se for para criticar a gestão petista, como se antes de 2003 essa prática infame nunca tivesse havido no Brasil.

Estranhamente, chegam aos meus ouvidos que, muitos dos que bradam contra essa epidemia de corrupção, são os mesmos que sonegam impostos que foram regiamente pagos pelos consumidores de seus produtos. Outros, para usufruir das benesses do Governo Federal, tais como o FIES, chegam a serem "adotados" pelos próprios avós no intuito de redução de renda e, portanto, se enquadrar no programa social.

Também tenho notícias de que financiamentos do BNDES, com juros baixos, de longo prazo e com finalidade de investimentos na modernização das empresas, são utilizados, por alguns reclamões do jeito petista de governar,  para adquirir essas grandes caminhonetes da moda que nunca são usadas na atividade do negócio.

O leitor atento vai me alertar de que os beneficiários, tanto do FIES quanto do BNDES, cumprirão os seus compromissos e retornarão os valores ao cofre público. Evidentemente, que sim. Nem estou questionando isso. O fato é que,  se para utilizarmos um financiamento com juros subsidiados,  precisarmos fazer algum tipo de manobra ou acerto significa que não seriamos os beneficiários legais de tal empréstimo. Simples assim.

E quantas outras situações já temos escutado ao longo dos anos. Houve um caso de casamento arranjado no leito de morte, para que a gorda pensão do moribundo pudesse continuar regando os cofres da casa. Sem contar os casos de casamentos não oficializados, principalmente de filhas de oficiais do exército, para que elas possam continuar recebendo pensões até o fim da vida, independente de suas condições financeiras.

O motivo de estar relembrando todos esses pequenos pecados, não é para desculpar a corrupção nas empresas públicas ou nos governos. Mesmo porque, quem cresceu numa cidade no interior do antigo Mato Grosso, que viu muitos prefeitos saírem do cargo mais ricos do que quando entraram, têm nojo de todo e qualquer caso de corrupção. Ao longo dos anos, tenho desenvolvido asco também por esses pequenos deslizes que relatei, que chamarei de "pequenos pecados".

O que me incomoda é o fato de que grande parte da população brasileira desenvolveu uma indignação seletiva aos inúmeros casos ou suspeitas de corrupção. Fica mais fácil bradar contra o que acontece a 900 ou 1000 km de distância do que nos comprometermos com o que ocorre a poucos metros da nossa casa, na prefeitura da nossa cidade, por exemplo.

Outro aspecto é que tanto corrompidos, quanto corruptores, sejam políticos ou empresários, saíram da nossa sociedade, ou seja, são alguns de nós que estão envolvidos no problema. Alguns talvez, ao longo da vida, que foram se acostumando com alguns dos "pequenos pecados", os quais também nós estamos habituados a perdoar no amigo ou em nós próprios,  que quando se deparam com corrupção de cifras astronômicas, já nem se importam mais.  Aí vale tudo, desde que ninguém esteja olhando.

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